O primeiro “episódio” da saga “Tudo Sobre” foi sobre o Tofu, um substituto popular de carne derivado da soja. Entretanto passámos pelo não tão conhecido tempeh e hoje vamos desmistificar a Soja texturizada, que é muito possivelmente a alternativa à carne mais usada. Se bem me recordo, acho que foi a primeira alternativa a carne que provei, ainda nos meus tempos omnívoros, e provavelmente também foi a vossa. É prática e imita bem a bolonhesa. Mas será que é saudável?
Devo dizer-vos que até eu aprendi com a pesquisa para este post, que achava que era um produto desprovido de qualquer interesse nutricional, além da proteína, e afinal até tem um teor interessante de alguns micronutrientes.
Ainda assim, não deixa de ser altamente processada, pelo que o seu consumo deve ser moderado 🙂
O que é a Soja Texturizada?
É uma alternativa à carne altamente processada, obtida a partir de feijões de soja.
Como se faz?
Industrialmente, a soja texturizada é um subproduto do óleo de soja, que depois de extraído resulta numa pasta essencialmente proteica. A essa pasta são depois dadas várias formas, que encontramos facilmente no supermercado. Que eu saiba, não é possível fazer em casa.
Qualquer pessoa pode comer?
Não. Pessoas com alergia à soja não devem consumir, bem como indivíduos com baixa ingestão de iodo. No entanto é possível ajustar com a alimentação, avaliando junto d@ nutricionista.
Quem toma levotiroxina deve desfasar a toma do medicamento, que deve ser em jejum, da ingestão de soja. O seu consumo em casos de endometriose e Síndrome do Intestino Irritável deve ser avaliado individualmente.
Sendo um produto altamente processado, mesmo quem pode consumir, deve faze-lo de forma moderada.
Como escolher?
Nos supermercados encontramos vários produtos processados à base de soja texturizada. Às vezes, até produtos com carne têm soja, devido à semelhança de textura e preço inferior.
Em produtos de origem vegetal, é comum encontrarmos em hambúrgueres, que imitam a carne, almôndegas, entre outros. Exemplos:

Impacto ambiental
A nível ambiental, tenho mixed feelings! Há alguns problemas com a soja, sobretudo a que é produzida de forma intensiva no Brasil e nos Estados Unidos. Não nos devemos esquecer dos incêndios na Amazónia dos últimos anos, pois aconteceram supostamente de forma a arranjar mais espaço para a produção de soja, ainda que essa mesma soja seja para alimentar gado animal e não diretamente os humanos.
Outra questão é a soja transgénica e a monocultura da soja, que tem como problemas a exaustão do solo, o uso intenso de agrotóxicos e fertilizantes e, naturalmente, a desflorestação.
Consumo Responsável
Podemos na mesma consumir soja e proteger o ambiente? Sim, sobretudo optando por soja biológica e de origem europeia!
Segundo podemos ler no site da Comissão Europeia, “nos termos do Regulamento (CE) n.o 1830/2003 relativo à rotulagem e rastreabilidade, os operadores devem transmitir e conservar informações sobre os produtos que contenham ou sejam produzidos a partir de OGM em cada fase da colocação no mercado.”, pelo que enquanto consumidores conseguimos garantir que a soja que compramos é livre Organismos Geneticamente Modificados.
Optar por soja de origem Europeia tem ainda vantagens económicas e ambientais, na medida que há menos transporte envolvido e menos emissões de gases com efeito estufa. Independentemente da zona de produção, a soja continua a ter claras vantagens face à carne:

Na parte do impacto ambiental, os valores comparam o impacto ambiental, ecológico e financeiro de 1kg de feijões de soja com o de 1kg de carne bovina.
Informação nutricional
Na próxima imagem, que partilhei em Janeiro de 2021 no meu Instagram, comparo o valor nutricional de feijões de soja cozidos e soja texturizada em cru, por dose fornecedora de 20g de proteína:

Como cozinhar?
A soja texturizada deve ser hidratada antes de ser adicionada a qualquer preparação. Podemos hidratar em água por cerca de 5 minutos (escorrer o excesso) ou diretamente no molho, se bem que nesta última não rende, porque vai sugar o molho todo e fica sem graça.
No caso de optar pela soja em nacos, esta preciso de demolhar por mais tempo (cerca de 30 minutos), podendo depois substituir a carne em pratos típicos como “carne de porco” á Alentejana, jardineira, etc.
Como conservar?
A soja texturizada é mais fácil de conservar que o tofu ou tempeh. Sendo um produto seco, é menos perecível, pelo que depois de aberta a embalagem devemos apenas guardá-la bem fechada ao abrigo da luz.
Também podemos optar por congelar a soja já cozinhada.
Receitas que devo experimentar com soja texturizada
Claro que estas são apenas algumas das muitas opções que existem para cozinhar soja, mas é um bom ponto de partida.
Nada de complicar, ok? Às vezes basta pensar nos pratos tradicionais que gostamos e adaptar. Normalmente corre muito bem, porque são sabores que já conhecemos eheh
Beijinhos,
Laranja-Lima
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